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O cultivo de alimentos orgânicos é conduzido com o uso adequado do solo e da água. A adubação é realizada primordialmente com compostos orgânicos – restos de cultura ou roçagem (mato capinado) misturados com dejeto animal enriquecido ou não com outros produtos provenientes da atividade, devidamente compostados e fermentados, e pós de rocha (calcário, fosfato natural e outros). Todos os procedimentos utilizados no cultivo orgânico são orientados e auditados por uma legislação específica e uma escala que precisa ser respeitada.
Na indústria, corantes e conservantes naturais retomam seus postos perdidos aos sintéticos/artificiais. Deve-se ressaltar que, para atender à demanda crescente de alimentos, escala, periodicidade, frequência e validade do produto (shelf life – tempo de prateleira), se exige melhoria continuada nos procedimentos e normas de Boas Práticas de Fabricação e pesquisas visando a melhoria de eficiência dos aditivos naturais ou permitidos pela legislação que regula o setor.
O custo é muito diferenciado?
Sim, dependendo do grupo em que o alimento esteja incluído. O “ágio” é puramente por lógica do mercado – demanda maior que oferta e/ou melhoria na sua distribuição e consequentemente maior acesso –, e não por maior custo de produção, que, ao contrário, se torna bem menor, principalmente no médio e longo prazo, mesmo levando-se em conta os custos de certificação externa.
Como saber que um alimento é orgânico?
Através da identificação de entidade certificadora. Esta, por seu turno, tem que ser credenciada junto aos órgãos reguladores em seus respectivos mercados de consumo. Atualmente o espectro legal sobre o assunto é suficiente para assegurar ao alimento o status de orgânico. Embora se ressalte que algumas certificadas que atuam no mercado nacional não cumprem as normas mínimas e ainda não são fiscalizadas. Nesse sentido as normas oficiais do país foram recentemente aprovadas, depois de uma década de discussão e consultas públicas.
Como e por que é feita a desintoxicação após o início do consumo de alimentos orgânicos?
A substituição gradual de alimentos não orgânicos para orgânicos não implica em necessidade de desintoxicação, mesmo porque o alimento que consumimos, produzido pelo sistema convencional, não é um “veneno”. Se ao longo do tempo desenvolvemos alguns sintomas de uma alimentação inadequada, os elementos acumulados pela ação protetora do nosso organismo serão minimizados naturalmente pelo próprio organismo. Podem e devem ocorrer alterações no funcionamento do sistema digestivo pelo aumento de ingestão de fibras, que levará a uma melhora na sua função.
Prof. Dr. Paulo Cesar Stringheta possui doutorado em Ciências de Alimentos pela Unicamp, mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV e é Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa-MG.
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