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Ainda de acordo com a fonoaudióloga, desde o final da década de 70 inúmeros estudos com neuroimagens têm sido feitos, sendo possível observar pequenas, mas importantes, diferenciações nas ativações cerebrais de pessoas que gaguejam comparadas a pessoas consideradas fluentes durante a fala. São elas:

- Há comprovações de que as pessoas que gaguejam apresentam falhas na conectividade da matéria branca no hemisfério esquerdo do cérebro;

- Há comprovações de que nas pessoas que gaguejam há uma integração auditivo-motora (sistema auditivo com o sistema motor da fala) atípica. Nas pessoas consideradas fluentes essa integração se dá no córtex pré-motor dorsolateral, o que não ocorre com as pessoas que gaguejam;

- Já foram constatadas falhas na inibição e desinibição dos movimentos motores da fala provocadas por uma atividade anormal do neurotransmissor dopamina. É sobre esse conhecimento que está sendo desenvolvido um medicamento para gagueira. Ele deverá reduzir ou bloquear parte da atividade dopaminérgica. Em experimentos já publicados, os efeitos têm sido positivos na redução da gagueira. Mas ainda se está distante da disponibilização desse medicamento.

 

Outras causas

Além da já comprovada questão genética (ao redor de 70% dos que gaguejam têm parentes que também gaguejam), a gagueira persistente também pode ser causada por razões ambientais que tenham implicações físicas sobre a atividade cerebral. Por exemplo:

- Casos em que a gagueira surge após infecção da garganta por estreptococos do tipo A;

- Casos em que a gagueira surge após infecção viral que evolui para encefalite e, na sequência, afeta a sincronia motora da fala;

- Casos em que a gagueira surge após uso de medicação que interfira no sistema neurotransmissor dopaminérgico;

- Casos de gagueira que surgem após exposição a agentes neurotóxicos;

- Há também interferências de dificuldades perinatais que podem reduzir a oxigenação no cérebro, como prematuridade, circulares de cordão umbilical, parto com fórceps.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a gagueira como um distúrbio da fluência da fala e, desta forma, não é considerada um distúrbio psicológico. Neste caso, as relações da gagueira com as condições psicológicas dos pacientes estão ligadas às consequências do impacto deste distúrbio de fluência na qualidade de vida de um portador.

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