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Problemas de visão e cansaço também podem causar a dor de cabeça?

Sim. Temos que levar em consideração os problemas de visão como, por exemplo, miopia, vista cansada e astigmatismo, que causam dor de cabeça quando não há o uso adequado da correção do problema, ou seja, do uso de lentes ou óculos. Quando, por exemplo, estamos trabalhando na frente do computador e temos dificuldade visual, forçamos a musculatura ocular para ajustar o foco e consequentemente projetamos a cabeça anteriormente para aproximarmos e melhorarmos assim nosso campo de visão.

A manutenção dessa postura e atitude por tempo prolongado, seguida de dias de trabalho associado à função que está sendo executada, aumenta o nível de tensão muscular e esforço, mantendo principalmente a musculatura da região cervical e dos ombros em constante atividade de contração (isometria), gerando gradativamente uma disfunção miofascial e um desequilíbrio nociceptivo central, como foi citado acima. Tal situação pode abrir um quadro de cefaleia tipo tensional associado a um quadro de síndrome dolorosa miofascial.

O cansaço da musculatura do corpo decorrente desse exemplo acima citado é um fator perpetuante das dores, não somente das dores de cabeça, mas também das dores geradas nas estruturas que estão deflagrando a dor de cabeça, como a região cervical e dos ombros. É, de fato, um círculo vicioso.

O cansaço decorrente da perda da qualidade do sono, de um sono não reparador ou da dificuldade para dormir (insônia) também é um fator perpetuante da dor, pois sabemos que é durante a fase profunda do sono, a fase REM, que o organismo libera várias substâncias, principalmente o Hormônio do Crescimento (GH), que em nós adultos tem como função a de reparação tecidual. E é nessa fase que nosso organismo se recupera, se realimenta e se repara para suas atividades.

Nesse caso mantemos também um círculo vicioso, como descrito abaixo:

DOR – TENSÃO – SONO RUIM – AUMENTO DA DOR.

 

Quais são os principais erros cometidos pelas pessoas ao lidar com as dores de cabeça? A automedicação é um deles?

Em primeiro lugar, a causa principal da cronificação de uma dor é o tratamento tardio. Outro fator extremamente importante é a automedicação. A dor de cabeça pode ter várias etiologias e ser deflagrada por fatores diversos em momentos distintos na vida do indivíduo. Fazer uso recreativo e abusivo de analgésico ou de qualquer tipo de medicação já é um erro gravíssimo, podendo acometer seriamente a saúde do indivíduo. Portanto, para cada patologia, quadro sindrômico, dor e indivíduo é indicada uma medicação específica.

 

Quando a dor de cabeça é recorrente ou crônica, quais cuidados devem ser tomados?

Devemos estar atentos às mudanças de padrão da dor deste paciente para que possamos junto com a equipe avaliar a evolução do quadro de dor. Manter sempre a equipe que o está assistindo ciente de sua evolução para, caso haja necessidade, sejam solicitados exames de imagem, laboratoriais, ou até mesmo que este paciente seja encaminhado para reavaliação por outro colega da equipe, seja médico, fisioterapeuta ou psicólogo.

Existindo há mais de seis meses, a dor já se considera como crônica. A equipe, portanto, deve estar atenta aos fatores que precipitam, desencadeiam a dor, sejam eles de caráter físico, psíquico ou emocional. A informação ao paciente e a educação sobre seu quadro são fatores que melhoram seu entendimento diante da situação, desmistificando crenças e mitos negativos que o aprisionam e o impedem, muitas vezes, de ter ganhos em sua vida. O paciente deve estar ciente logo no início de seu tratamento de que não estamos oferecendo curas, mas sim o controle de sua
dor, e que a responsabilidade de sua melhora depende tanto do terapeuta quanto dele próprio. É tornar este paciente ativo.

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