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Superstições

Todos os povos, através de suas manifestações culturais, têm o seu corpus de superstições que se manifestam através de tantas e quantas simpatias.

As superstições, manifestadas através de múltiplas simpatias têm um caráter defensivo, isto é, querem evitar um mal maior. Por isso os amuletos, até disfarçados sob a forma de jóias, querem afastar o mau-olhado, as doenças e desgraças – são objetos protetores. Também há o recurso das plantas pois elas são purificadoras, curam: espada de Ogum (em alguns lugares chamadas de espada de S. Jorge),o alecrim, o arruda ( não o de Brasília), a pimenteira.

O importante é combater os gestos, sinais e lugares portadores de maus fluidos. A sociedade é permeada por essas crenças: não é bom augúrio o noivo ver a noiva com seu vestido ritual antes da cerimônia, assim como quebrar um espelho ou matar um gato. Em certas situações de visitas indesejadas é bom colocar uma vassoura atrás da porta. No futebol há uma competição de crenças que acompanham os jogadores e as torcidas: as promessas são variadas, muitos atletas benzem-se ao entrar no campo, e o fazem com o pé direito, alem de ter deixado uma vela acesa no vestiário. O povo brasileiro é, particularmente marcado por essas crenças.

Existe uma mística das cores. Claro que isso varia de povo a povo: a cor que pode ser sinal de luto numa cultura, noutra pode significar alegria e festa. De qualquer forma, entrar no Ano Novo de branco é imprescindível. Essa cor representa uma convergência sócio-religiosa de muitos matizes, como a pureza, a cor da vida nova trazida pelo batismo.

Há nas superstições traduzidas pelas simpatias, uma ambivalência. A relacionada com o número 13 é marcante. De um lado é preciso se prevenir contra esse número. Mas ao mesmo tempo pode ser sinal de sorte nascer nesse dia – e se for no dia de Santo Antonio, 13 de junho, mais sorte ainda. De outro lado, essa superstição contém um vestígio religioso muito forte. Ele lembra a última Ceia de Cristo. Lá estavam 13 pessoas, Cristo e os 12 apóstolos. Para além do sentido místico e teológico da eucaristia realizada naquela Ceia, a apropriação supersticiosa aponta para o fim trágico da mesma. Nessa perspectiva, é preciso ter cuidado com convites para almoços e jantares, verificar se serão treze os convidados. Caso o seja, é imprescindível não se apressar a sair, pois esse será o primeiro candidato a morrer dentre os presentes no grupo.

De qualquer forma,o Ano Novo aponta para o desejo de melhores dias, da busca da construção da paz. É a esperança e a chance de um recomeço permeado com os elementos da fé que sustenta a vida de cada um dos leitores.

 

Referências

Dicionário Houaiss

 

 

Sebastião Heber. Professor Adjunto de Antropologia da Uneb, da Faculdade 2 de Julho, da Cairu. Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e da Academia Mater Salvatoris.

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