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E como estas cirurgias são vistas por especialistas brasileiros?

Estas cirurgias são encaradas normalmente pelos profissionais habilitados a tal prática, em geral os especialistas em ginecologia e cirurgia plástica. Todavia, muitas vezes alguns profissionais “comercializam” tais cirurgias, ferindo princípios éticos da boa prática médica. Tais ocorrências não se limitam ao universo brasileiro, e diversos sites de países da América do Norte, Europa Ocidental e Oriental apresentam tais cirurgias de forma apelativa, procurando atingir o âmago sexual da paciente. A enorme maioria dos distúrbios sexuais, de comportamento ou afetivos, tem como base de tratamento a psicoterapia e algumas vezes o uso de medicamentos específicos.

A cirurgia é reservada a um número muito limitado de casos, e a indicação tem de ser criteriosa e, sempre que possível, precedida de avaliação psicológica ou psiquiátrica, enumerando as efetivas queixas e expectativas da paciente. Um dos maiores exemplos de má prática médica, frequentemente citados na literatura científica, relata a experiência do Dr. Jamer Burt, ginecologista de Ohio. O Dr. Jamer publicou em 1974 um livro intitulado “Love Surgery”, ou “A Cirurgia do Amor”.

O autor descreve sua experiência de 22 anos baseada em 2.000 cirurgias realizadas principalmente no momento do parto, quando, sem qualquer consentimento da paciente e sem qualquer evidência científica, praticava uma cirurgia que acreditava aumentar a resposta sexual, e consistia na clitoropexia (elevação do clitóris), uretropexia e colpoplastia (elevação da uretra por meio da ressecção de mucosa da parede anterior da vagina). Diversas complicações, como disfunção sexual e infecções crônicas da bexiga e do rim, foram observadas e denunciadas. Além de diversos processos judiciais, o Dr. Jamer também perdeu seu registro médico.

 

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