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As falhas acontecem porque:

A adolescente não tem informações sobre a fisiologia do próprio corpo, pois é empurrada para o exercício da sexualidade pelo grupo e estimulada pelos meios de comunicação, que passam a mensagem de que a mulher liberada é aquela que vive intensamente a sua sexualidade. Em geral a menina não é incentivada tanto quanto o menino para iniciar logo sua vida sexual, muito menos é preparada para a contracepção. Por isso é muito comum ouvirmos no consultório frases do tipo: “não sei como engravidei, sempre que transo tomo um comprimido na hora” ou então “eu sempre tomo o cuidado de colocar uma pílula lá dentro quando vou transar”. Pior ainda é ouvir de uma adolescente que faz lavagens com refrigerante de cola para evitar filhos.

dv261015Também enumeramos como causa de falha a dificuldade de acesso a serviços de planejamento familiar, sendo que os poucos que temos centram suas atividades em métodos cirúrgicos mais adequados à limitação de natalidade. O custo do método e a necessidade da clandestinidade do uso também são fatores a serem considerados.

Por último temos que considerar a instabilidade e a insegurança, pois estão sempre em crise, abandonando o método com frequência pelo bloqueio emocional que ocorre por pensamento mágico (“isto nunca vai acontecer comigo”) ou simplesmente para testar a autoridade dos pais.

É bom salientar que a falta de informação adequada é apenas um dos pontos da questão, pois inúmeras campanhas informativas são feitas pelos meios de comunicação. A informação não faz a pessoa mudar seus hábitos. Por exemplo, sabemos que fumar dá câncer, atravessar a rua fora do sinal é perigoso, transar sem preservativo é uma roleta-russa, etc. Vimos então que a gravidez em adolescente não tem uma única solução satisfatória, sendo a prevenção o melhor remédio. Cabe aos profissionais de saúde e educadores a tarefa de minimizar as consequências negativas do exercício da sexualidade através do planejamento familiar, que deveria existir também dentro de outros serviços, dando ao adolescente educação anticonceptiva.

Em nossa cultura judaico-cristã, o sexo é apresentado como algo negativo, sujo e promíscuo. Se antes ele era relacionado ao pecado, agora está associado à morte. A maioria dos pais e educadores ainda não consegue passar aos adolescentes a sexualidade como algo de positivo capaz de contribuir para a busca de felicidade própria e do ser por quem se tem afeto. Hoje sabemos que não existe nada de pecaminoso no sexo e podemos orientar nossos jovens sem apresentar o sexo como algo de errado. Devemos começar dentro de nossa própria casa, para que nossos filhos possam exercer a sexualidade por escolha, e não por acaso.

 

 

 

Dr. Amaury Mendes Junior é médico ginecologista, sexólogo e possui pós-graduação em terapia sexual. Desenvolve pesquisas na área de sexualidade humana. http://www.amaurysexologo.med.br

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