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O especialista explica que os sintomas da gravidez múltipla normalmente são piores. Grávidas de gêmeos costumam apresentar, por exemplo, mais náuseas e vômitos no início da gestação pelos elevados níveis hormonais e no final dela, dores na barriga, lombalgia e contrações mais frequentes e mais precoces devido ao volume dos bebês.

O pré-natal também é diferente. Por ser uma gravidez de alto risco, as gestações múltiplas devem ser seguidas de perto e de maneira diferente que nas únicas. Entre as principais diferenças temos: intervalos entre consultas menores, recomendações nutricionais e de ganho de peso específicas, avaliação de risco para prematuridade e outras complicações mais frequentes nas gestações múltiplas.

Devido a complicações específicas por conta da gemelaridade, a frequência de exames é maior. Geralmente nas dicoriônicas, fazemos exames mensais para avaliar o crescimento dos fetos e nas monocoriônicas a cada duas semanas para diagnosticar precocemente complicações específicas de uma placenta única, como a Síndrome Transfusor Feto-Fetal (fluxo de sangue preferencial para um dos gêmeos, que acomete cerca de 15% das monocoriônicas).

Os principais riscos em uma gestação múltipla são a prematuridade (nascimento antes de 37 semanas) e o baixo peso ao nascer. Pesquisadores do mundo inteiro tentam achar alguma maneira de evitar essas complicações, mas até o momento sem bons resultados. Por exemplo, o uso da progesterona e o repouso que frequentemente são aplicados a essas gestantes infelizmente não apresentam diferença em relação à idade gestacional do parto. Isso faz justamente com que os cuidados devam ser redobrados e que essas gestantes sejam acompanhadas por obstetras familiarizados com gestações de alto risco.

A expectativa de ganho de peso para uma grávida de gêmeos é praticamente o dobro de uma gestação única, com valores ao redor de 16 a 24 kg. Lembrando que nas gestações gemelares esse ganho de peso deve acontecer de forma mais precoce, pois sua duração pode não ser de nove meses.

Segundo o Dr. Wagner, o parto de gêmeos pode ser normal. Um trabalho publicado recentemente demonstrou que o parto normal é tão seguro quanto a cesárea para gêmeos acima de 32 semanas e em que o primeiro feto esteja com a cabeça para baixo. De qualquer maneira, geralmente as possíveis complicações acontecem após o nascimento do primeiro feto pela chance de uma cesariana de emergência do segundo gemelar e após o nascimento de todos pela maior frequência de sangramentos pós-parto.

 

 

Dr. Wagner Rodrigues Hernandez – CRM-SP 116139 – é médico ginecologista e obstetra formado pela Universidade de São Paulo. Atualmente é médico assistente corresponsável pelo setor de gemelaridade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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