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Quais são as principais reações das mulheres após a perda?

É difícil discorrer sobre as reações das mulheres, pois nem todas elas reagem da mesma forma. Há, por exemplo, aquelas que tentam imediatamente engravidar de novo, apresentando o discurso de que somente assim conseguirão lidar com o "vazio" da interrupção gestacional vivida. Da mesma forma, há aquelas que, mergulhadas no medo de vivenciarem nova perda gestacional, optam por não engravidar nunca mais, deixando a maternidade definitivamente de lado em suas vidas. Há ainda mulheres que pedem para ver o corpo do bebê falecido e que pedem para realizar o enterro, assim como há outras que acreditam que, se tiverem muito contato com a criança, podem ter mais dificuldades na elaboração do luto.

 

Quando a perda gestacional ocorre, muitas mulheres optam pelo silêncio. Porém, essa seria a melhor estratégia para superar o problema?

Em nossa cultura, tendemos a considerar que quanto mais uma pessoa fala sobre o seu problema, mais equilibrada emocionalmente ela estaria. Existem inclusive abordagens psicológicas que discorrem sobre a importância da fala, pontuando que o conflito que não é externado tende a se expressar de forma problemática por meio de sintomas variados (por exemplo, a dificuldade de ter relações sexuais com o cônjuge, a dificuldade em cuidar dos outros filhos, dentre outros).

Embora, de maneira geral, essa premissa seja válida, vale lembrar que não necessariamente a mulher que fica o tempo todo falando sobre a sua perda gestacional seria mais saudável do que aquela que não toca nesse assunto com os outros. Isso porque existem diversos tipos de discurso, como a fala catártica, em que o sujeito verborrágico não escuta o que ele mesmo diz, de modo que aquela fala acaba não sendo elaborativa.

 

Passar por terapias em grupo e tomar contato com o caso de outras mulheres pode ajudar a superar a questão?

De maneira geral, entrar em contato com outras mulheres que já vivenciaram uma interrupção da gestação, seja em contexto de psicoterapia de grupo ou em outros, pode favorecer o trabalho de elaboração de luto, uma vez que a mulher observa concretamente que a perda gestacional é um fenômeno relativamente comum, a despeito de nosso imaginário de que a gravidez sempre equivaleria à vida. Assim, ter contato com pessoas que compartilham o mesmo fenômeno pode ajudar a mulher a não se sentir "anormal", como se o caso dela fosse desviante ou patológico.

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