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Já a tristeza é um sentimento natural decorrente da perda de algo que nos é caro, seja de um relógio, um emprego, um casamento ou uma pessoa. Viver a tristeza nos permite elaborar a perda. Como qualquer sentimento, não podemos escolher senti-la ou não. O que está sim em nosso poder é como vamos agir em decorrência do sentimento. Podemos viver a tristeza e esgotá-la, ou podemos ignorar sua presença em nossa alma e passar para uma atividade mais produtiva, que também funciona como um desvio, algo que não nos faça dar atenção a ela.

Mas você pode estar se perguntando: “Que vantagem eu tenho em viver a tristeza? É horrível sofrer, e se eu posso esquecer e não sofrer, eu prefiro!”.

Em primeiro lugar, ao viver a tristeza você estará se respeitando. Respeitando sua dor, sua necessidade, seu corpo e sua mente.

Em segundo lugar, o sofrimento tem um poder incrível de nos fazer crescer. É nos momentos de crise que somos mais produtivos. Quando sofremos uma perda, uma porta se fecha. Em consequência disso, contudo, infinitas outras se abrem. É a possibilidade da mudança e do crescimento. Nietzsche já dizia que “aquilo que não nos mata nos fortalece”.

Não tenha medo de se entregar à tristeza. As nossas lágrimas são como a água de um galão. Há uma quantidade a ser chorada. E isso é inevitável. Podemos escolher chorar no momento em que a dor se faz presente como uma reação a um evento desagradável, ou podemos adiar a vivência da dor. Mas o adiamento só faz com que ela aumente, cresça e tome vida própria, podendo acabar tomando conta de nós. Esse é um dos verdadeiros riscos de cair em depressão.

 

 

Cecília Zylberstajn é psicóloga pela PUC-SP e psicodramatista pela Sociedade de Psicodrama de São Paulo. Tem especialização em Psicologia Hospitalar pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e participou do Mechanchim Bechirim LaChinuch Kehilati (Seniors Educators Program) do Melton Center na Universidade Hebraica de Jerusalém. É psicoterapeuta de adolescentes e adultos. http://www.ceciliaz.com.br/

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