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Problemas mais comuns

Ele explica que a doença bucal mais comum na terceira idade é a periodontite, um problema de inflamação gengival que se agrava e leva à perda do osso de suporte dos dentes, deixando-os amolecidos. Mas é importante salientar que ela NÃO é característica do envelhecimento, e sim decorrente de um cuidado inadequado com os dentes por toda a vida, porque as pessoas não seguem adequadamente os cuidados preventivos, citados abaixo.

Outra afecção comum nos idosos são as cáries, especialmente as de raiz. "Nesses casos, o uso diário do flúor ajudaria e muito na prevenção, somado ainda à escovação e uso de fio dental", diz ele.

O mau hálito, ainda que tenha muitas outras origens extrabucais, está intimamente ligado à não limpeza da parte posterior da língua com limpadores de língua plásticos e a uma não limpeza cuidadosa das próteses, mesmo totais, que o idoso use, por isso a higiene se faz fundamental.

Mas todasas doenças acima e ainda a candidíase bucal são em muito aumentadas quando a pessoa tem uma diminuição do fluxo salivar (chamada xerostomia), que é causada pelo efeito colateral bucal de cerca de 60% dos remédios que o idoso ingere normalmente. Conhecida por "boca seca", além de aumentar as cáries, doença periodontal, saburra na língua e mau hálito, impede uma mastigação adequada dos alimentos, o que obriga a pessoa a mudar a consistência de sua dieta, que vai causar problemas digestivos. Ele explica: suas próteses totais superiores caem com facilidade e aí eliminam as fibras da dieta, prejudicando a absorção de bons nutrientes e prejudicando o trânsito estomacal, com aumento da constipação intestinal, um problema muito comum nos idosos com esta patologia. A pessoa perde a percepção de gosto dos alimentos e aí coloca mais açúcar e mais sal no que come, influenciando no controle da diabetes e da pressão arterial. Formam-se mais colônias de bactérias na boca, que, além de permitirem maior chance de contaminação pulmonar (e pneumonia), acabam, via gengivas inflamadas, entrando na corrente sanguínea e atingindo órgãos vitais como o coração e todo o sistema circulatório. Por isso, a xerostomia é a mais devastadora das doenças bucais, mas seu tratamento é multidisciplinar, pois exige mudança/diminuição nas medicações, que só podem ser receitadas pelos médicos.

"Além disso, ainda existem as interferências periodontais de uma diabetes mal controlada, uma hipertensão que dificulta certos trabalhos odontológicos, estados anêmicos gerais que ajudam a causar traumas nos tecidos bucais e depressões do sistema imunológico do idoso, que, somados à xerostomia, causam um aumento exagerado do número de bactérias na boca", diz ele.

Como se vê, não se pode separar saúde bucal da saúde geral do indivíduo, nem considerar que problemas sistêmicos (de todo o organismo da pessoa) não tenham repercussões bucais de média e alta significância.

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