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Durante todo este percurso da doença, algumas complicações podem ocorrer, como, por exemplo, os conflitos familiares, já que normalmente a família não quer aceitar a doença ou não entra em acordo sobre quem irá cuidar do idoso dependente. Outros têm medo de futuramente virem a passar pelo mesmo problema que seu genitor está passando e entram em desespero. Outros não conseguem lidar com a finitude da vida de seu familiar.

O portador da doença de Alzheimer precisa de acompanhamento multidisciplinar: médico, enfermeiro, psicólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, farmacêutico, fonoaudiólogo, advogado, nutricionista, dentista, assistente social – todos esses profissionais, dentro de sua área de saber, podem atuar visando à promoção da saúde, à proteção contra a violência e os abusos aos quais os mesmos são mais vulneráveis. O cuidador também precisa receber atenção multidisciplinar e, principalmente, precisa do apoio da família. Caso o cuidador não tenha condições de cuidar do portador da doença ou se a sua residência não oferecer segurança para a permanência do idoso nessa situação, uma boa alternativa é uma instituição de longa permanência para idosos, porém tendo-se o cuidado de preservar os vínculos familiares.

Alguns medicamentos utilizados no tratamento da doença de Alzheimer são disponibilizados pela rede SUS e são um direito do paciente, cabendo ao cuidador, juntamente com o médico, reivindicar pelos direitos daquele que não tem mais condições de solicitar sozinho. Porém, é importante lembrar-se de que os remédios não vão curar o paciente, nem mesmo fazer a doença estacionar, porém podem diminuir os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao portador e à sua família. Programas que visam à estimulação ou reabilitação psicológica, realizados por neuropsicólogos, têm demonstrado resultados satisfatórios no que diz respeito à atenção, à memória, dentre outros processos cognitivos, porém também não curam a doença.

Neste momento faz-se urgente que as autoridades governamentais, em nível mundial, dispensem financiamentos para fomentar pesquisas que investiguem a doença em sua totalidade. Profissionais de áreas multidisciplinares devem estudar e pesquisar mais sobre a doença, com ênfase especial à prevenção, às reais causas e a tratamentos eficazes para os portadores. Devemos pensar que, a qualquer momento, podemos estar direta ou indiretamente relacionados à doença: seja como profissionais, seja como familiares de portadores, ou mesmo como futuros potenciais portadores de uma doença grave e ainda bastante desconhecida.

 

 

Luciene Corrêa Miranda é psicóloga clínica, mestre em Psicologia e professora na Escola de Enfermagem da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora

 

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