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Quais as acomodações que a escola deve fazer no manejo do aluno disléxico?

É imprescindível que todo disléxico receba um tratamento específico. Mas é crucial que, ao mesmo tempo, se atenda em aula seu problema. A seguir, será recomendada uma série de normas que deverão ser individualizadas para cada caso, com o objetivo de otimizar o seu rendimento e, ao mesmo tempo, tentar evitar problemas de frustração e perda de autoestima, muito frequentes nos disléxicos. (Fonte: Moojen e França In: Transtornos de Aprendizagem. Rotta e colabs. P. Alegre, Artmed, 2006.)

 

1) Atitudes

- Dar a entender ao disléxico que seu problema é conhecido e que será feito o possível para ajudá-lo. Deve estar muito claro para o professor que o problema não é devido à falta de motivação ou à preguiça;

- Dar-lhe uma atenção especial e animar-lhe a perguntar em caso de alguma dúvida. Para tanto seria recomendável que o disléxico sentasse perto do professor para facilitar a ajuda;

- Comprovar sempre que o material oferecido para ler é apropriado para o seu nível leitor, não pretendendo que alcance um nível leitor igual ao dos outros colegas;

- Destacar sempre os aspectos positivos em seus trabalhos e não fazê-lo repetir um trabalho escrito pelo fato de tê-lo feito mal;

- Evitar que tenha que ler em público. Em situações em que isto é absolutamente necessário, oportunizar que ele prepare a leitura em casa;

- Aceitar que se distraia com maior facilidade que os demais, posto que a leitura lhe exige um grande esforço;

- Nunca ridicularizá-lo ou permitir que colegas o façam.

 

2) Proposta de ação pedagógica

- Ensinar a resumir anotações que sintetizem o conteúdo de uma explicação;

- Permitir o uso de meios informáticos, de corretores e de gravações;

- Usar materiais que permitem visualizações (figuras, gráficos, ilustrações) para acompanhar o texto impresso;

- Evitar, sempre que possível, a cópia de grandes textos do quadro de giz, dando-lhes uma fotocópia;

- Diminuir os deveres de casa envolvendo leitura e escrita.

 

3) Aprendizagem de línguas estrangeiras

Considerando o esforço que os disléxicos fazem para dominar a fonologia de sua língua materna, é difícil também que eles dominem uma nova língua. Eles até podem ter habilidade para aprender oralmente a língua, mas o domínio da escrita é particularmente difícil. Schawytz (2006) sugere que, em caso de muita dificuldade, seja requerida isenção de língua estrangeira, substituindo essa disciplina pela elaboração de projetos independentes sobre conhecimentos relativos à cultura do país em que falam esta língua.

 

4) Avaliação escolar

- Realizar avaliações de forma oral, sempre que possível, uma conduta válida em todos os níveis de ensino, particularmente no ensino superior;

- Prever tempo extra como recurso obrigatório, não opcional, pois a capacidade de aprender do disléxico está intacta e ele simplesmente precisa de tempo para acessá-la. Como o disléxico não automatizou a leitura, ele terá que ler pausadamente, com muito esforço, e se apoiar nas suas habilidades mais altas de pensamento. Ele precisa utilizar o contexto para entender o significado da palavra, um caminho mais longo e indireto que requer tempo extra;

- Evitar a utilização de testes de múltipla escolha, que, pelo fato de descontextualizarem as informações e reduzirem o tempo de execução, se tornam muito difíceis para o disléxico. Estes testes não são indicadores do conhecimento adquirido por ele;

- As instruções devem ser dadas de forma breve, já que a memória para mantê-las é fraca e o tempo de atenção reduzido. Instruções curtas evitam confusões;

- Valorizar sempre os trabalhos pelo seu conteúdo e não pelos erros de escrita. Infelizmente não adianta o professor apontar o erro, pois o disléxico não grava a grafia correta;

- Oportunizar um local tranquilo ou sala individual para fazer testes ou avaliações para que o disléxico possa focar a sua atenção na tarefa que tem para realizar. Qualquer barulho ou distração atrapalhará a leitura, fazendo com que ele mude a atenção da leitura, o que interfere na performance do teste;

- É indicado o uso de calculadora ou da tabela de multiplicação, em função de dificuldades de memorização de tabuada.

 

 

Sônia Maria Pallaoro Moojen é pedagoga, fonoaudióloga e psicopedagoga clínica. Mestre em Educação: Psicologia Escolar pela FACED/UFRGS. É psicopedagoga e pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva do Serviço de Neurologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Atualmente coordena pesquisa sobre dislexia em adultos: Estudo longitudinal e transversal em disléxicos adultos. É professora convidada do Centro de Estudos Luis Guedes, da Faculdade de Medicina da UFRGS: Curso de Extensão em Psicoterapia na infância e adolescência. É conselheira científica da Associação Nacional de Dislexia do Rio de Janeiro. Foi professora de Psicopedagogia Terapêutica na FACED da UFRGS (atualmente aposentada), ex-presidente da ABPp/RS e ex-conselheira da ABPp Nacional.

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