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Como é o tratamento com hormônio de crescimento?
Nas crianças nas quais todas as outras causas mais freqüentes de desaceleração de velocidade ou parada do crescimento estatural já tenham sido descartadas, está indicada a realização dos testes para dosagem do hormônio de crescimento, independentemente da existência ou não de baixa estatura (altura abaixo do limite inferior para a altura segundo idade e sexo da criança). Qualquer doença pode se instalar em uma criança com a sua altura normal e fazê-la então desacelerar ou parar de crescer.
Se após dois testes para dosagem deste hormônio for constatada a possibilidade de estarmos frente a uma criança com provável deficiência de GH (hormônio de crescimento) e se ainda forem dosadas substâncias protéicas carreadoras deste hormônio e estas se mostrarem baixas, estaremos autorizados a realizar o início do tratamento com as aplicações desse hormônio, que serão feitas por via subcutânea (injetável) diariamente por um período de até 7 ou mais anos, isso dependendo da resposta da criança e do tempo até que ela entre em puberdade, quando o GH poderá ser suspenso pois as cartilagens de crescimento estarão completamente fechadas.
O GH é uma substância muito cara e de espécie específica, não sendo possível a sua retirada para a utilização nos seres humanos de nenhum outro animal, encarecendo muito a sua utilização.
Como uma das causas da deficiência deste hormônio são os tumores de sistema nervoso central, todas as crianças que tiverem esta suspeita diagnóstica necessariamente deverão realizar a ressonância magnética de crânio, pois se um tumor existir o tratamento não é a utilização do hormônio, e sim a retirada cirúrgica do tumor.
Cabe lembrar que esta deficiência é uma doença rara e que crianças normais, quando submetidas aos testes para diagnóstico de sua deficiência, podem em até 20% dos casos apresentar resultados alterados em um ou mais testes e não são deficientes deste hormônio. Estas não responderão ao tratamento instituído, não crescendo nada após a sua utilização.
O hormônio de crescimento tem vários efeitos colaterais, sendo os mais importantes relacionados à hipertensão intracraniana, levando a fortes dores de cabeça e a escorregamento das epífises de ossos longos, principalmente do quadril, que quase sempre irão necessitar tratamento cirúrgico. Assim sua utilização deve cercar-se de um diagnóstico o mais confiável possível e o mais cauteloso possível.
Quem não é feliz com a sua altura pode usar hormônio de crescimento?
Em primeiro lugar, quem não tem deficiência deste hormônio não tem indicação de sua utilização.
Quem tem uma altura que não o deixa satisfeito terá que conviver com ela e adaptar-se a ser mais baixo em uma sociedade que valoriza muito a altura do indivíduo em detrimento de outras qualidades.
O uso de GH em pacientes não portadores de sua deficiência após períodos muito longos, entre 5 e 6 anos, mostrou ganho de altura de no máximo 4 cm, o que não indica nem permite utilizar-se uma droga tão cara e com tantos possíveis efeitos colaterais para ter uma altura de menos de 5 cm maior! Na análise de questionários de qualidade de vida e auto-estima destes pacientes que utilizaram o hormônio em relação aos controles que não utilizaram, não houve nenhuma diferença significativa.
Em pacientes portadores de algumas displasias ósseas, após a fase adulta, quando o mesmo pode optar por realizar a cirurgia de alongamento dos membros inferiores, esta pode ser realizada. É um procedimento extremamente doloroso e demorado, com dois anos ou mais de terapia e fisioterapia semanal, mas com bons resultados, com aumento de até 20 cm na altura final. Para um indivíduo portador de alturas inferiores a 140 cm, isso teria grande valor, com melhora significativa de sua qualidade de vida e auto-estima.