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Nesse sentido, é preciso que os pais ou responsáveis pela criança ou adolescente que apresenta esse quadro ou mesmo os pais cujos filhos ainda são bebês tenham algumas informações fundamentais a seu respeito:
• O treino do controle esfincteriano deve ocorrer sob a orientação do pediatra, a fim de que ele não seja feito precocemente, o que poderá culminar em um quadro de enurese noturna.
• O “xixi na cama” pode ocorrer por causa de fatores psicológicos, tais como: sofrimento com acontecimentos psiquicamente difíceis de se lidar, entre os três e os quatro anos de idade, fase de inigualável importância para o desenvolvimento infantil; podemos citar aqui: separação dos pais, morte de um ente querido, nascimento de um irmão, mudança de casa/cidade/país, ingresso na escola, acidentes, hospitalizações, cirurgias.
• Ele acomete mais meninos do que meninas, até os onze anos de idade, quando a prevalência entre ambos os gêneros passa a se equiparar.
• Em qualquer hipótese quanto à etiologia, ou seja, em relação ao que supostamente tenha provocado o quadro de enurese noturna, é absolutamente necessário um tratamento psicológico, devido às consequências geradas por ela; a criança ou adolescente acaba por não poder ter uma rotina tal como desejaria ter: não se sente seguro para dormir na casa de parentes ou amigos, pode sentir-se muito envergonhado, ansioso, angustiado, deprimido e apresentar uma baixa autoestima.
Passemos, então, a esclarecer alguns pontos psicológicos importantes do desenvolvimento infantil aos quais os cuidadores da criança, sobretudo a mãe, devem se atentar, procurando a compreensão de condições que podem colaborar para o desencadeamento da enurese noturna, comumente chamada de “xixi na cama”:
• Desde seu nascimento, a criança costuma, em condições ditas “normais”, receber tudo aquilo de que necessita para sentir-se satisfeita.
• Em um certo momento, ela começa a perceber que não pode prosseguir apenas sentindo satisfação no meio em que vive, precisando passar a aprender a esperar para que seus desejos sejam realizados. O sucesso dessa aprendizagem depende, diretamente, das relações estabelecidas com a família e, em primeiro lugar, com a mãe.
• Ainda bem pequena, a criança passa a ter prazer em eliminar as fezes e a urina, brincando com elas e lidando com essa situação como se ambas fossem produções a serem oferecidas ao ambiente. O alívio e a satisfação obtidos por meio de suas funções esfincterianas e dos resultados de suas obras (xixi e cocô) vão sendo substituídos por uma etapa em que ela começa a ser treinada para controlar tais funções. Ou seja, anteriormente, a criança tinha liberdade e prazer com suas “produções”. Agora, deve desenvolver atitudes socialmente aceitas, tendo de saber lidar e obedecer a limites. Nesta fase, a mãe desempenha papel de extrema importância.
• A fase de que falamos exige uma sensibilidade materna um tanto acurada, para que se obtenha sucesso no treino do controle miccional (“fazer xixi”), o que implica perceber a fase na qual a criança se encontra, o seu próprio “tempo” para adquirir essa aprendizagem. Com o fato de a mãe ter consciência de que cada criança, ainda que seja da mesma casa, possui seu ritmo particular de desenvolver-se, ela conseguirá ficar bem menos ansiosa do que poderia ficar para a conquista do controle de que estamos falando, por parte de seu filho. Assim, ela poderá transmitir a mesma tranquilidade à criança, facilitando sua aquisição até, no máximo, os cinco anos, quando já deverá ter amadurecido as funções eliminatórias.