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Quais são os sintomas?

Sinais e sintomas da difteria geralmente começam entre 1 e 4 dias após a exposição ao patógeno. Os sintomas costumam iniciar com uma ligeira inflamação na garganta e dor ao engolir. Em geral, o paciente pode apresentar prostração, frequência cardíaca acelerada, náuseas, vômitos, calafrios e dor de cabeça, acompanhados de febre baixa.

No início da doença, a difteria pode ser confundida com quadros de faringite causada por vírus e bactérias, angina de Vincent, mononucleose infecciosa, sífilis oral e candidíase.

A presença de pseudomembrana no trato respiratório superior é o sinal patognomônico da doença. Entretanto, nas últimas décadas foram descritos diversos casos de infecção, com amostras toxinogênicas sem a formação de pseudomembrana na garganta em indivíduos parcialmente imunizados.

A pseudomembrana é composta de rede de fibrina, glóbulos brancos mortos, bactérias e exotoxina, podendo apresentar diferentes tonalidades (branca, branco-acinzentada, cinza e até mesmo escura). Aloja-se principalmente nas amígdalas, podendo estender-se à faringe, laringe, narinas ou comprometer isoladamente estas últimas localizações anatômicas. Em casos graves ou malconduzidos, pode resultar na obstrução das vias aéreas superiores. Uma característica peculiar dessa pseudomembrana, de limites bem definidos e aderida às mucosas, é a tendência ao sangramento à tentativa de remoção. Não é indicada a remoção da pseudomembrana, uma vez que essa prática pode levar a uma maior liberação de toxina na corrente sanguínea e morte do paciente. A toxina diftérica, após absorção nas mucosas, pode atingir o miocárdio, o sistema nervoso e os rins, por via hematogênica, causando alterações fisiopatológicas nos respectivos órgãos.

A lesão do músculo cardíaco (miocardite) é normalmente muito grave entre o 10º e o 14º dia de infecção, mas pode ocorrer em qualquer momento entre a 1ª e a 6ª semana. A lesão cardíaca pode ser leve e, nesse caso, pode manifestar-se só como uma anomalia menor ao eletrocardiograma, ou muito grave, a ponto de provocar insuficiência cardíaca e morte súbita. Elevações dos níveis de enzimas cardíacas acompanham ou precedem a miocardite.

A toxemia pode causar o comprometimento dos nervos da garganta e dificuldades de deglutição durante a primeira semana da doença. Entre a 3ª e a 6ª semana pode ocorrer inflamação dos nervos e debilidade dos membros superiores e inferiores. Embora ocorra lentamente a recuperação espontânea do coração e dos nervos ao longo de várias semanas, em casos mais graves da doença pode haver a necessidade da implantação de marca-passo. Nos casos de difteria grave, também pode se instalar uma nefropatia tóxica com importantes alterações metabólicas e, mais raramente, insuficiência renal aguda. Geralmente, o quadro de insuficiência renal grave está associado à miocardite.

Casos suspeitos, prováveis e confirmados devem ser imediatamente notificados às autoridades sanitárias. Em virtude das mudanças ocorridas na epidemiologia da difteria durante as últimas décadas, os critérios de definição e de notificação de casos sofreram adaptações de acordo com os interesses dos países ou regiões. Deve ser ainda ressaltado o aumento do número de casos de difteria em indivíduos adultos suscetíveis, além dos casos de infecções invasivas relacionadas com cepas de C. diphtheriae não produtoras de toxina, tais como: artrite, bacteremia, abscesso esplênico, osteomielite, pneumonia e endocardite.

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