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Há tratamento?

O tratamento da ST consiste em duas abordagens associadas: o tratamento psicossocial e o farmacológico. Antes de iniciá-lo, deve-se fazer uma avaliação dos tiques quanto à localização, freqüência, intensidade, complexidade e interferência na vida diária. O ambiente escolar, familiar, os relacionamentos, os fenômenos associados devem ser investigados e analisados. Faz-se necessário um julgamento criterioso quanto à necessidade de medicação. Até o presente momento, não há tratamento curativo, sendo o medicamento útil no alívio dos sintomas. A filosofia do tratamento é conservadora para evitar a medicação desnecessária, utilizando-a sempre nas menores doses possíveis. 60% dos portadores requerem medicação supressiva de tiques. É importante ter em mente que os tiques, mesmo com tratamento medicamentoso, não desaparecem completamente, pois as doses necessárias para que isso aconteça trazem muitos efeitos colaterais.

O tratamento psicológico inclui orientação aos pais e familiares, àqueles que convivem com a criança, como seus educadores. É importante fornecer informações a respeito da doença, das suas características e do modo de lidar com o doente. Deve-se cuidar para que ocorra o mínimo de estigmatização. Evitar atitudes superprotetoras que favoreçam a manipulação da doença por parte da criança.

Quando necessário, deve-se indicar psicoterapia. Há relatos de casos tratados com psicoterapia comportamental. A técnica de Reversão de Hábito seria a mais adequada para tratar tiques e tem sido utilizada com sucesso no controle deles. A técnica consiste basicamente em aprender a perceber quando os tiques vão ocorrer para então tentar suprimi-los ou modificá-los. Por exemplo, um tique desagradável e que cause embaraço, como acenar para pessoas desconhecidas, pode ir sendo modelado, com esforço e treino, para um comportamento mais aceitável ou imperceptível, como passar a mão no cabelo ou no corpo. A psicoterapia dirigida ao insight tem sua importância na medida em que estabelece conexões entre os sintomas e os conflitos psíquicos subjacentes, facilitando o seu entendimento e manejo.

 

 

Dra. Ana Gabriela Hounie é médica, doutora em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo.

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