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Segundo ela, outras doenças em que existe limitação ao fluxo de ar podem se apresentar com chiado. Crises alérgicas graves, de início súbito, associadas a urticária, prurido generalizado, inchaço dos lábios ou língua ou das pálpebras e queda da pressão arterial também podem levar a chiado no peito e podem ser deflagradas por alimentos, medicamentos, picadas de insetos ou contraste radiográfico.

A estenose (estreitamento) de laringe, cuja causa principal é o trauma, ou da traqueia ou brônquios (por exemplo, por tumores malignos ou benignos) também pode levar a chiado. "A compressão extrínseca destas estruturas, como observado no aneurisma de aorta ou nos tumores do mediastino, também pode levar a estreitamento destas vias e originar chiado no peito", explica Adriana. O bócio (aumento da tireoide) pode levar à compressão da via aérea e à sibilância (chiado) ao exame físico.

Adriana também salienta que a presença de secreção, observada nas pneumonias, na asma e na doença pulmonar obstrutiva crônica, pode levar a sibilos, por causar redução temporária do calibre das vias aéreas.

Pacientes com insuficiência cardíaca também podem apresentar chiado no peito, geralmente associado à falta de ar, por acúmulo de água no pulmão causado pelo mau funcionamento do coração.

Outras causas de chiado são doenças parasitárias, distorção da árvore brônquica por cicatrizes de doenças passadas (principalmente a tuberculose) e aspiração de corpo estranho (observada mais frequentemente nas crianças). Outros sintomas podem estar associados ao chiado, uma vez que esse achado é comum a uma série de doenças respiratórias ou não respiratórias. Muitas vezes a tosse é um importante sintoma que acompanha este sinal clínico. Além disso, pode haver eliminação de secreção pela tosse, febre, dor torácica, emagrecimento, edema (inchaço) nas pernas, coriza, sintomas variados que devem ser relatados ao médico e que auxiliam no diagnóstico diferencial das diversas doenças que levam a este sinal.

O chiado pode ser percebido pelo paciente, que refere este som como um "miado de gato", e pode ser comprovado através da ausculta do sistema respiratório pelo médico. O médico pode ainda verificar, através do estetoscópio, se o sibilo é ins ou expiratório e fazer diagnóstico diferencial com outro ruído chamado estridor. Com estes dados e dados da história clínica do paciente, ele solicitará os exames pertinentes para o diagnóstico da causa do chiado. "O chiado no peito nunca é um sinal 'normal', uma vez que ele representa que existe estreitamento do calibre da via aérea. Ele pode representar uma condição temporária e não grave, como uma bronquite infecciosa, ou pode representar uma condição mais grave, como uma pneumonia ou tumor torácico", diz a pneumologista.

O tratamento depende do quadro clínico da pessoa, por isso é necessário consultar o médico assim que começarem os chiados. "Somente depois de avaliar a causa é que o médico poderá solicitar os exames necessários baseado na suspeita clínica e prescrever o tratamento adequado", finaliza Adriana.

 

 

Adriana Carvalho é médica formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Residência Médica em Pneumologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Pós-Graduação em Medicina do Trabalho pela Unigranrio. Pneumologista do Hospital Federal de Bonsucesso. Médica do trabalho na Fundação de Assistência e Previdência Social do BNDES.

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