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Existe alguma relação entre a síndrome do pânico e a ansiedade? Qual? Como ela ocorre?

A ansiedade é um sinal de alerta, que permite ao indivíduo ficar atento a um perigo iminente e tomar as medidas necessárias para lidar com a ameaça. Em outras palavras, é um sentimento útil. Sem ela estaríamos vulneráveis aos perigos e ao desconhecido. É algo que está presente no desenvolvimento normal, nas mudanças e nas experiências novas e inéditas.

A ansiedade permite a um ator que estreará uma nova peça que ensaie o suficiente para ter maior segurança e, consequentemente, menor ansiedade; ou então que um jovem se prepare demoradamente e com vários detalhes irrelevantes para um encontro amoroso. Após algum tempo, a preparação para o encontro com uma antiga namorada se torna quase desnecessária, já que não há mais ansiedade.

A ansiedade normal é uma sensação difusa e desagradável de apreensão, acompanhada por vários sintomas físicos: mal-estar epigástrico, aperto no tórax, palpitações, sudorese excessiva, cefaleia, súbita necessidade de evacuar, inquietação etc. Os padrões individuais físicos de ansiedade variam amplamente. Alguns indivíduos apresentam apenas sintomas cardiovasculares, outros apenas sintomas gastrintestinais, há aqueles que apresentam apenas sudorese excessiva.

A sensação de ansiedade pode ser dividida em dois componentes: 1) a consciência de sensações físicas e 2) a consciência de estar nervoso ou amedrontado. A ansiedade pode ser aumentada por um sentimento de vergonha: “Os outros notaram que estou nervoso”. Alguns ficam surpresos ao notarem que os outros não perceberam sua ansiedade ou não notaram sua intensidade.

A diferença entre medo e ansiedade é questão teórica. Como citado anteriormente, a ansiedade é uma sensação vaga e difusa; leva-nos a enfrentar as situações agradáveis ou não, com sucesso. Já o medo, que também é reação normal, difere da ansiedade porque é ligado a uma situação ou objeto específico que apresenta perigo, real ou imaginário, e nos leva a evitá-lo. Um exemplo é o medo de assalto. Todos evitamos as situações que nos possam deixar mais vulneráveis.

Uma vez que é útil responder com ansiedade a certas situações ameaçadoras, podemos falar de ansiedade normal, contrastando com a ansiedade anormal ou patológica. Essa é uma resposta inadequada a determinado estímulo, em virtude de sua intensidade ou duração. Diferentemente da ansiedade normal, a patológica paralisa o indivíduo, traz prejuízo ao seu bem-estar e ao seu desempenho, e não permite que ele se prepare e enfrente as situações ameaçadoras.

 

Como é feito o tratamento?

O tratamento do transtorno de pânico, visando o controle dos ataques, envolve o uso de medicamentos e tratamento psicológico. O melhor tratamento é a associação dos dois – remédio e psicoterapia.

Em relação aos medicamentos, existe uma série de remédios eficazes e que diferem nos efeitos colaterais ou indesejáveis. Assim, não existe um medicamento mais eficaz que outro. Todos são semelhantes. Mas cada indivíduo pode se adaptar melhor a esse ou aquele medicamento. Não existe um remédio com o qual todos os pacientes melhoram. Talvez a resposta terapêutica esteja associada aos genes de cada indivíduo. Mas para isso ser respondido, ainda é necessário muito estudo.

Em relação às psicoterapias ou tratamentos psicológicos, também houve uma evolução. A psicoterapia cognitivo-comportamental é a que melhor resultados tem apresentado. É um tratamento que envolve o enfrentar das fobias, com técnicas de relaxamento, controle da respiração e o progressivo desenvolvimento de pensamentos racionais sobre as crenças catastróficas de cada paciente.

 

 

Dr. Antonio Egidio Nardi - CRM/RJ 430486 - é doutor em Psiquiatria, mestre em Psiquiatria, Psicanálise e Saúde Mental e graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Realizou pós-doutorado no Laboratório de Fisiologia da Respiração do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho. Atualmente é professor associado do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Laboratório de Pânico & Respiração do Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

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