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Por que o leite pode causar alergia em algumas pessoas e em outras não?
É conveniente esclarecer que existe uma confusão entre as pessoas entre intolerância à lactose (ou hipolactasia) e alergia ao leite (ou hipersensibilidade ao leite).
A primeira se refere à incapacidade de digerir a lactose, que representa o “açúcar do leite”, devido à deficiência ou ausência da enzima lactase (ou b-galactosidase).
Alergia alimentar é decorrente de uma reação do sistema imunológico a proteínas ou parte dessas moléculas (antígenos), provocando em resposta a liberação de anticorpos, histamina e outros agentes defensivos. A hipersensibilidade ao leite está relacionada, portanto, com a fração proteica do leite e é uma doença quase que exclusiva dos lactentes e da infância, normalmente desaparecendo entre os 3 e 4 anos de idade.
Embora haja certa homologia entre a composição proteica do leite de vaca e do leite humano, há também substanciais diferenças tanto quanto ao tipo de proteínas presentes quanto às suas quantidades relativas.
No leite de vaca é encontrada a proteína b-lactoglobulina que é ausente no leite materno. Essa proteína pode desencadear alergia alimentar em alguns bebês e adultos. Não existe consenso em qual seja a proteína do leite de maior alergenicidade no leite de vaca, embora a a-lactoalbumina e a aS1-caseína sejam acusadas de serem as proteínas mais alergênicas.
O leite de cabra é uma boa opção para pessoas alérgicas ao leite de vaca?
O leite de cabra tem sido indicado nos casos de alergia ao leite de vaca, tendo em vista sua mais fácil digestão.
A alergia ao leite de cabra por crianças é pouco frequente, porque esse leite apresenta concentração baixa de a-s1-caseína, um importante componente alergênico do leite. Além disso, esse tipo de leite contém maiores quantidades de ácidos graxos de cadeia curta e média (que são de mais fácil digestão) e formam glóbulos de gordura menores, facilitando o processo de digestão.
Todavia, é importante lembrar que crianças com 0 a 6 meses de idade devem receber aleitamento materno e qualquer substituto para o leite materno deve ser indicado por um pediatra ou nutricionista. A introdução precoce de outro tipo de leite pode favorecer a ocorrência de alergias devido à imaturidade do sistema digestório.
Dra. Adriane E. C. Antunes é doutora em Alimentos e Nutrição pela UNICAMP e Pós-Doutora no Instituto de Tecnologia de Alimentos ITAL/TECNOLAT (2008), docente em regime de dedicação exclusiva da Faculdade de Ciências Aplicadas da UNICAMP, Campus de Limeira, na Faculdade de Nutrição. É também autora do livro “Leite para Adultos: mitos e fatos frente à ciência”, juntamente com a Dra. Maria Teresa Bertoldo Pacheco.
Leite para adultos: mitos e fatos frente à ciência
O leite é o primeiro e possivelmente o mais completo dos alimentos ingeridos pelo homem e demais mamíferos, visto que apresenta um adequado equilíbrio de macro e micronutrientes, satisfazendo todas as necessidades nutricionais dos recém-nascidos nos primeiros meses de vida.
Tendo como motivação a polêmica em torno do consumo de leite por adultos, uma revisão abrangente da literatura científica, contendo as citações bibliográficas de onde foram extraídas, foi realizada para apresentar o que é mito e o que é fato na relação homem versus leite. A equipe multidisciplinar que idealizou essa discussão traz informações atualizadas e abrangentes sobre o tema, pretendendo oferecer aos profissionais da área de alimentos e saúde, bem como para a população em geral, uma ferramenta de consulta para benefício próprio e/ou da sociedade como um todo.
Inicia-se, portanto, um “tribunal científico” mediado por um grupo de profissionais das áreas de Nutrição, Biologia, Medicina, Engenharia de Alimentos, Zootecnia, Agronomia, Economia, Farmácia e Bioquímica, para apresentar evidências científicas sobre o assunto.
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