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ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS
As desordens fonoaudiológicas que acometem os atáxicos são muito mais da fala do que de linguagem e estão ligadas à anomalia do dispositivo sensório-motor que governa a expressão verbal.
A apraxia da fala é uma desordem na programação motora da fala, manifestando primariamente erros na articulação e, secundariamente, alterações compensatórias na prosódia. É uma desordem em que o indivíduo é incapaz de realizar movimentos à sua vontade e acomete os pacientes com distúrbios neurológicos. O paciente apresenta problemas ao falar por causa da lesão cerebelar que impede a execução da complexa atividade motora envolvida na fala.
As lesões no cerebelo e/ou suas conexões podem ser responsáveis também por um grupo de desvios na fala chamado coletivamente de disartria atáxica, que é caracterizada principalmente por limitação da articulação e da prosódia.
Um estudo brasileiro descreveu as alterações fonoaudiológicas encontradas em um grupo familiar de 4 pessoas acometidas pela ataxia cerebelar. Os principais achados foram: lábios, língua e bochechas com mobilidade e tônus diminuídos; incoordenação em movimentos orofaciais, principalmente em lábios e língua; disdiadococinesia em órgãos fonoarticulatórios; articulação com velocidade diminuída, com leve imprecisão nas consoantes e distorção de vogais. Entre os sintomas incapacitantes estão as limitações funcionais da motricidade oral, especialmente na fala e na deglutição, caracterizando disartria e disfagia (que é a dificuldade para deglutir).
Da avaliação clínica da fala e da linguagem verificou-se que, em geral, o desempenho dos sujeitos em situação de comunicação é ineficiente, sendo as alterações caracterizadas principalmente por produção inadequada no controle da musculatura da fala: fraqueza muscular, movimentos motores lentos, tônus muscular alterado; frequentes ocorrências de distorções e emissões; lentidão da velocidade da fala e produção inadequada do som. De acordo com dados obtidos na avaliação clínica, os desvios de natureza fonética correspondem aos distúrbios causados por problemas nas estruturas ósseas e musculares envolvidas na produção da fala. Não foram detectadas alterações de linguagem nas avaliações específicas para este fim.
TRATAMENTO
Não existe tratamento efetivo que possa impedir a progressão da ataxia. Todo tratamento é sintomático e deve ser altamente individualizado, por causa das manifestações multissistêmicas variáveis da doença.
Dra. Aline Alvarenga é Doutora em Ciência da Reabilitação pela Universidade de São Paulo, mestre em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos e graduada em Fonoaudiologia pela Universidade de São Paulo. Experiência na área de linguagem infantil, distúrbios da fluência e metodologia científica.
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