Índice deste artigo:

Mas, afinal, o que é o ebola? A infectologista Dra. Ceuci de Lima Xavier Nunes explica que este é um vírus da família Filoviridae, gênero Ebolavirus. O primeiro vírus ebola foi identificado em 1976, nas margens do rio Ebola, na República Democrática do Congo, por isso o nome da doença. Naquela época foram identificadas 5 subespécies do vírus,  com 4 que causam doença em humanos. 

Os sintomas iniciais são febre alta de início súbito, mal-estar, dores musculares e articulares, diarreia e vômitos, mas eles costumam aparecer após um período de incubação, que pode variar de um a 21 dias. Depois desses sintomas iniciais, o doente pode começar a apresentar hemorragias internas ou externas.  

O diagnóstico inicial é clínico-epidemiológico. O Ministério da Saúde lançou um protocolo que considera como caso suspeito os indivíduos procedentes, nos últimos 21 dias, de país com transmissão atual de ebola (Libéria, Guiné, Serra Leoa e Nigéria - OMS) que apresente febre de início súbito, podendo ser acompanhada de sinais de hemorragia, como: diarreia sanguinolenta, gengivorragia, enterorregia, hemorragias internas, sinais purpúricos e hematúria.

A confirmação do diagnóstico se dá por exames sorológicos que utilizam o método de Elisa (para identificação de Anticorpos IgG e IgM), técnica de PCR e isolamento viral.

A transmissão é feita a partir de qualquer fluido corpóreo (sangue, suor, fezes, urina, sêmen) do doente ou do cadáver. A infecção também pode ocorrer se a pele ou as membranas mucosas de uma pessoa saudável entrarem em contato com objetos contaminados com fluidos infecciosos de um paciente com ebola, como roupa suja, roupa de cama ou agulhas usadas. Na África a transmissão está relacionada também aos rituais dos funerais onde os familiares e amigos dão banho e entram em contato físico com os mortos. Outra forma de transmissão é o contato com animais doentes, principalmente o macaco, já que algumas tribos utilizam este animal na alimentação. 

Ao contrário do que muitos pensam, não existe transmissão pelo ar, por alimentos ou por água. “É importante salientar que não existe transmissão no período de incubação (entre o contato com o vírus e o desenvolvimento da doença), que é de 2 a 21 dias”, diz ela.

É importante salientar que os países afetados são extremamente pobres e as áreas mais afetadas não têm serviços de saneamento básico, por isso a epidemia se alastrou tão rapidamente. 

A infectologista explica que não existe um tratamento específico para o vírus ebola, o que existe é um tratamento de suporte que envolve hidratação, reposição de eletrólitos, manutenção da oxigenação, manutenção da pressão arterial e tratamento de complicações infecciosas. Atualmente não há nenhuma vacina para a doença do vírus ebola. Várias vacinas estão sendo testadas, mas nenhuma delas está disponível para uso clínico no momento. 

Segundo a infectologista, um percentual ainda pequeno de casos evolui para cura e esses pacientes ficam imunes ao vírus. Em alguns surtos a letalidade chegou a 90% e neste está em torno de 54%. O aprendizado sobre os cuidados médicos mais adequados e o diagnóstico precoce poderá reduzir ainda mais a letalidade. Na Nigéria, um dos países afetados, está em 25%.

A OMS considera que existe alto risco do vírus chegar a países vizinhos aos países afetados (Libéria, Guiné, Serra Leoa e Nigéria), risco moderado de expansão pelos demais países da África e baixo risco de disseminação para outros países.

Para evitar a transmissão, é imprescindível que os profissionais de saúde e as demais pessoas que entrem em contato com o doente usem equipamentos de proteção individual, como máscara facial, avental ou macacão impermeável, luvas e botas.

Publicidade