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Comum entre os adolescentes, a escoliose é um desvio lateral na coluna que causa uma deformidade tridimensional na área. Segundo o neurocirurgião Dr. Alexandre Amaral, ela pode se apresentar de duas formas básicas: uma não estrutural e uma estrutural. Abaixo, confira uma entrevista com o especialista e saiba a diferença entre elas, quais são os tratamentos disponíveis e se há alguma forma de evitar. Leia também uma conversa com a jornalista Julia Barroso, que, após conviver por toda sua adolescência com o colete de Milwaukee e passar por uma cirurgia, escreveu o livro A Menina da Coluna Torta.
Entrevista com Dr. Alexandre Amaral, neurocirurgião conhecido internacionalmente, diretor do Centro Multidisciplinar da Dor (CMD) e professor da USP e do Instituto Carlos Chagas (UFRJ).
Quais os tipos de escoliose?
A escoliose não estrutural é o desvio lateral da coluna não relacionado a alterações das vértebras ou dos discos intervertebrais. É uma condição não progressiva, geralmente não grave, sem rotação fixa das vértebras. A escoliose estrutural apresenta três características básicas: os tecidos moles se retraem na concavidade da curva, surgem alterações na forma das vértebras envolvidas e há deformidade em rotação fixa das vértebras. Esse processo é progressivo enquanto houver crescimento vertebral.
Como sei que tenho escoliose progressiva?
A melhor maneira de se investigar a possibilidade de progressão da escoliose é consultando um médico especialista em coluna vertebral. Durante a consulta, o mesmo executará um exame físico completo, um exame neurológico e solicitará exames a fim de determinar o prognóstico e o melhor tratamento a ser instituído.
A pessoa sente dor?
O paciente portador de escoliose pode ou não sentir dor e isso depende do fator causador da escoliose. Escolioses idiopáticas (são aquelas de etiologia desconhecida e as mais comuns) geralmente não trazem sintomas dolorosos, porém escolioses de origem traumática, por infecções ou tumores podem apresentar dor mais frequentemente.
Esse problema de coluna é visível?
Grandes deformidades podem ser percebidas facilmente, porém, muitas vezes, a deformidade é pequena e não aparenta desvios da coluna, mas sinais indiretos, como desnível dos ombros, progressão assimétrica das escápulas, assimetria das mamas, alteração da linha da cintura pélvica e obliquidade ou proeminência dos quadris, sugerem a presença de escoliose.
Como se mede o grau?
O método de Cobb se tornou o mais conhecido e empregado para medir o grau da curva escoliótica. Nesse método é avaliado o raio X panorâmico da coluna vertebral. É preciso encontrar as vértebras que estão inclinadas para a concavidade da curva. São traçadas linhas sobre a borda superior da vértebra mais proximal e sobre a borda inferior da mais distal, na radiografia em ortostatismo. Traçam-se linhas perpendiculares a essas bordas e mede-se o ângulo formado a partir dessas perpendiculares.
Há tratamento?
Tanto para as escolioses estruturais, quanto para as escolioses não estruturais há tratamento. O tratamento se divide em não operatório ou conservador e cirúrgico. Quem determinará o tratamento mais adequado será o especialista de coluna no momento da consulta.
O problema pode ser anulado ou a pessoa irá conviver com ele para o resto da vida?
As escolioses não estruturais estão associadas a várias condições patológicas, como postura anormal, encurtamento de um dos membros inferiores, espasmos musculares associados a irritação de raízes nervosas, processos inflamatórios ou tumores da coluna. A característica da escoliose não estrutural é que ela desaparece após o tratamento da doença de base. As escolioses estruturais muitas vezes necessitam de outros tipos de intervenção a fim de corrigir e estabilizar a curva.
Qual é a importância da fisioterapia no tratamento?
Em alguns casos de escoliose não estrutural a fisioterapia pode ser o único tratamento necessário, além disso pode auxiliar no tratamento das estruturais. Deve se basear na ginástica corretiva, promovendo o alongamento dos grupos musculares encurtados, assim como o fortalecimento de abdominais, glúteos, paravertebrais, escapulovertebrais, além de conscientização de postura.
Há alguma maneira de evitar?
A investigação e o tratamento precoces são nossos maiores aliados quando queremos apresentar uma melhor evolução. Se for percebida alguma alteração durante os screenings escolares, ou pelos pais, o paciente deve ser levado ao especialista.
- Ant
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