Índice deste artigo:

A pobreza é reconhecida como um dos principais fatores que contribuem para o número de pessoas com retardo mental ao redor do mundo. Em países desenvolvidos, a prevalência de retardo mental situa-se em torno de 3-5/1.000 indivíduos, enquanto em países pobres encontramos uma prevalência que chega a ser cinco vezes maior. Estima-se que cerca de 200 milhões de crianças menores de cinco anos em países subdesenvolvidos não atingem seu pleno potencial de desenvolvimento cognitivo devido a condições associadas à pobreza, que por sua vez está por trás de dois dos principais fatores de risco para o retardo mental: deficiência nutricional e de estímulo cerebral. Uma revisão sobre o assunto publicada pela Academia Americana de Neurologia em agosto de 2008 intitula o problema como uma epidemia neurológica escondida. Do ponto de vista de saúde pública, a pobreza tem um impacto sobre o estado neurológico muito maior que a grande maioria das doenças neurológicas com suas organizadas sociedades médicas e associações de pacientes, e com seus medicamentos que movem o business da saúde.

O Banco Mundial reconhece que, dentre todas as intervenções em saúde, o controle da desnutrição pode ser considerado a intervenção que apresenta melhor custo-benefício. E os primeiros anos de vida de uma criança são os mais vulneráveis para o cérebro, começando a contar desde o primeiro dia da concepção, na barriga da mãe. A mãe precisa comer bem! Todo mundo tem que comer bem. E uma coisa puxa a outra. Crianças desnutridas têm menor chance de chegar à escola, e quando chegam têm maior chance de evasão.

 

 

Dr. Ricardo Teixeira – CRM/DF 12050 – é doutor em neurologia e pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp. Dirige o Instituto do Cérebro de Brasília e é o autor do blog "ConsCiência no Dia a Dia".

Publicidade