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É verdade que a adoção de animais de estimação pode ser uma importante medida para a prevenção da depressão, especialmente em idosos?

Um dos aspectos interessantes relacionados aos benefícios da interação homem-animal se refere à observação de que o idoso se sente responsável pelo bem-estar do seu animal de estimação, incluindo sua alimentação, cuidado geral, necessidades e passeios regulares. Com isso, se sente mais útil ao ter um ser vivo dependente do mesmo, além de mais motivado a fazer caminhadas regulares com seu cão, quando interage socialmente com outros indivíduos. Caso contrário, ficaria em casa isolado e ocioso. Além disso, há diversos estudos cujos resultados indicam benefícios da interação de idosos com animais domésticos na prevenção e tratamento dos quadros de depressão, ansiedade e solidão, efeito calmante, melhora nas funções cognitivas e percepção de qualidade de vida.

No que se refere à carência afetiva, o animal doméstico faz companhia ao indivíduo, seja ele idoso ou não, praticamente 24 horas por dia, dando-lhe carinho e atenção e podendo, inclusive, ser treinado para assistir o indivíduo em suas necessidades, como, por exemplo, puxar a cadeira de rodas. Estudos comprovam que idosos vivem mais tempo, mais saudáveis e felizes quando interagem regularmente com animais domésticos.

 

Ter um animal em casa, por outro lado, também pode ter seu lado negativo para alguns idosos ou doentes em casa?

As principais contraindicações são medo extremo de animais, surtos de alta agressividade, colocando em risco a integridade física do animal, demência grave e baixa imunidade.

Observa-se que o fato do animal precisar ser alimentado, escovado, limpo e cuidado é um estímulo ao autocuidado do indivíduo doente ou idoso, bem como à organização da sua rotina, podendo inclusive levar a ganhos importantes nas suas funções cognitivas, a exemplo da memória. Nesse contexto, por exemplo, pode ser feita associação entre o horário de alimentação do animal e do idoso, de forma que o idoso se estimule e se lembre de se alimentar naquele horário. De acordo com o nível de independência do idoso, pode ser necessário o auxílio de um cuidador, de familiares ou de outros profissionais para a realização de atividades voltadas para o cuidado e limpeza dos animais domésticos. É importante se considerar que os benefícios da interação homem-animal superam de forma importante o esforço necessário para a realização dessas atividades de cuidado e limpeza.

 

Quais são os animais mais utilizados nesses tipos de terapia?

Os animais mais usados na Terapia Assistida por Animais são os cães e cavalos. Outros animais também podem ser utilizados, como calopsitas, coelhos e animais exóticos. O mais importante é que os animais de terapia tenham sua saúde controlada e monitorada por um médico-veterinário responsável, sejam dessensibilizados, além de dóceis com outros animais e pessoas.

A escolha preferencial dos cães e cavalos decorre da familiaridade desses animais com a sociedade e unidades familiares, bem como da maior facilidade de adestramento dos mesmos. Com isso, é possível treiná-los para a realização de atividades terapêuticas específicas e complexas, nas quais atuarão assistindo o profissional de saúde durante as sessões de terapia. A seleção dos animais envolve, entre outras avaliações, a exposição do animal a uma série de situações a serem vivenciadas em hospitais, asilos e escolas, de forma a avaliar o seu comportamento. Durante a seleção e avaliação, também podem ser testadas e avaliadas as potenciais atividades terapêuticas a serem desenvolvidas pelos mesmos durante as sessões.

 

 

Dra. Carla Rodrigues é geóloga e fisioterapeuta, mestre em Anatomia pela UFRJ, na área de Bioengenharia de Osso. É doutora e pós-doutora em Engenharia de Materiais pela COPPE/UFRJ, na área de Avaliação de Tecnologias em Saúde, e pós-doutora em Economia da Saúde pela Universidade de Calgary, Canadá. É especialista em Regulação de Saúde Suplementar e também atua como voluntária e pesquisadora na área de Terapia Assistida por Animais (TAA) em universidades, unidades de saúde e asilares de Niterói e São Gonçalo - RJ. É coordenadora-geral do Núcleo de Criação da Rede Nacional de Atividade, Terapia e Educação Assistida por Animais – REATAA. www.reataa.com.br.

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