Conheça alguns mitos em relação à dengue

Não existe transmissão de dengue fora dos períodos chuvosos: a dengue é uma doença chamada de sazonal, ou seja, que se concentra em um período bem definido ao longo dos anos. No Brasil, este período se concentra no verão, devido à maior ocorrência de chuvas e ao aumento de temperatura. Cerca de 70% dos casos de dengue concentram-se entre janeiro e maio, com exceções nas regiões Norte e Nordeste, nas quais as chuvas começam tardiamente, em março, e se estendem até julho. Apesar disso, o país tem condições climáticas que favorecem a proliferação dos mosquitos durante todo o ano. Portanto, pode existir transmissão de dengue durante todo o ano.

Velas de citronela ou andiroba e repelentes são fundamentais no combate à dengue: velas de citronela ou andiroba, ao contrário do que muitos pensam, não têm comprovação científica de efeito no combate à dengue. Já os repelentes, assim como o ar-condicionado, têm efeito temporário, mas não eliminam o mosquito do ambiente.

Se o paciente pegar dengue pela primeira vez, não terá complicações e, se for infectado mais de uma vez, com certeza terá a forma hemorrágica, que é mais grave: na literatura médica, há casos de dengue grave em pacientes contaminados pela primeira vez. Assim como há pacientes que, mesmo infectados mais de uma vez, não têm complicações. Sabe-se, entretanto, que a chance de desenvolver formas graves ou de ter outras complicações aumenta quando a pessoa pega dengue mais de uma vez, o que reforça a importância de monitorar os sorotipos virais em circulação e de manter ações permanentes de prevenção. Outros fatores individuais também podem determinar a evolução do caso para as formas mais graves, como: doenças preexistentes (diabetes, hipertensão, cardiopatias e outras), resposta imunológica do organismo, diagnóstico tardio, demora em buscar tratamento e automedicação com remédios que podem agravar os sintomas.

Ar-condicionado e ventiladores matam o mosquito: quando se usa ar-condicionado, a temperatura e a umidade baixam e isso inibe o mosquito, já que ele se guia por uma espécie de sensor natural de temperatura para encontrar pessoas e picá-las. Com o resfriamento do ambiente, ele tem mais dificuldade para detectar onde estará a possível vítima de sua picada. Porém, não morre. Estes aparelhos apenas espantam o mosquito, que poderá voltar em outro momento, quando estiverem desligados.

Tomar vitamina B e comer alho e cebola afasta o mosquito: apesar de ser verdade que o mosquito é atraído de acordo com a respiração e o gás carbônico exalado pela pessoa, a ingestão de vitamina B, alho ou cebola (alimentos com cheiro forte que exalam pela pele) não é uma medida eficaz. Isso pode até afastar o mosquito por um tempo, mas não dura muito e também varia de acordo com o metabolismo de cada pessoa, podendo até não ter efeito algum.

Para matar os ovos do mosquito, basta secar os reservatórios de água parada: os ovos do mosquito da dengue chegam a sobreviver até 450 dias sem água, o que corresponde a mais de um ano. Por isso, não adianta só secar a água, mas também lavar bem o local, escovando com água e sabão. Aqueles reservatórios que não puderem ser eliminados (como tonéis, latões e caixas d'água) devem receber aplicação de larvicidas pelo Agente de Controle de Endemias. Outros tipos de recipientes, como latas, garrafas e outros, se não puderem ser eliminados, devem ser colocados em uma posição que não permita o acúmulo de água, com o bocal para baixo.

Qualquer picada de mosquito transmite a dengue: somente a fêmea do Aedes aegypti transmite a dengue. Para isso, ela precisa estar infectada com algum dos quatro tipos de vírus que causam a doença. A fêmea do mosquito contrai o vírus da dengue picando uma pessoa doente. Mais raramente, o mosquito pode já nascer infectado.

Fonte: Cartilha da Dengue, do Ministério da Saúde